8 de dezembro de 2009

Moção de repúdio à criminalização dos movimentos sociais pelos meios de comunicação e em apoio à luta pela reforma agrária

Os grandes meios de comunicação têm cumprido papel central na permanente ofensiva contra a reforma agrária, reforçada nos últimos meses por reportagens que têm na crítica ao MST o seu principal foco. Fruto dessa ofensiva tem sido a omissão, pelos principais veículos de mídia, de crimes e outras ilegalidades cometidas por representantes do agronegócio e a máxima amplificação de denúncias contra os trabalhadores rurais sem terra.


Essa ofensiva foi descrita pelo deputado ruralista Abelardo Lupion (DEM-PR) como parte da 'luta de classes' , em um momento em que o Censo Agropecuário mostra o crescimento da concentração de terra no país. No cenário atual, os grandes fazendeiros se aliam a empresas transnacionais e ao capital financeiro, todos interessados na manutenção da concentração fundiária, quase sempre para o cultivo de monoculturas com o uso de sementes transgênicas e com sistemática utilização de agrotóxicos.


Agrava esse cenário a invasão de terras indígenas e a grilagem de terras públicas por fazendeiros, como Eike Batista, Daniel Dantas e por empresas como a Cutrale. Ampliou-se também nos últimos anos a aquisição de terras por empresas estrangeiras, em especial na fronteira, por transnacionais como Stora Enso e Seita Moon. Todos esses fatos têm merecido cobertura pequena ou nula pela maioria dos meios de comunicação.


Somos a favor da apuração de todos os fatos, mas contra investigações discricionárias, como aquela proposta na Comissão Parlamentar Mista de Inquéirito (CPMI) que foca no MST na tentativa de incriminá-lo. As investigações devem se voltar a apurar todos os casos de violência no campo, como os diversos assassinatos de trabalhadores que seguem impunes. Devem ser apuradas também as irregularidades de federações ligadas à Confederação Nacional de Agricultura, que têm acusações de desvios de R$ 3 bilhões de reais, da Senar, que tem 150 processos de irregularidade identificados pelo Tribunal de Contas da União, da Sescoop e da OCB, todas entidades ligadas ao agronegócio.


Por estarem os movimentos sociais do campo entre os maiores prejudicados pelos efeitos da concentração da propriedade dos meios de comunicação – que gera uma cobertura parcial e desequilibrada –, nós, cidadãos e cidadãs brasileiras reunidos nesta Assembléia Nacional da Frente pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto, apresentamos moção contra a criminalização dos movimentos sociais pelos meios de comunicação e em solidariedade à luta pela reforma agrária.


São Paulo, 07 de dezembro de 2009.

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